Oficina G3 é uma banda cristã de rock formada em São Paulo, Brasil. Foi fundada por Juninho Afram, Wagner García e Walter Lopes, no fim dos anos 1980. Em atividade desde 1987, passou por vários estilos musicais, como o hard rock, pop rock, nu metal até chegar ao metal progressivo que tem influências demetalcore, entre outros, tendo várias formações ao longo dos anos. A banda já foi indicada para o Troféu Talento em várias categorias e para o Grammy Latinonos anos de 2005, 2007 e 2009.
Na época em que o conjunto começou, o rock ainda era tabu em igrejas cristãs brasileiras, e o grupo foi um dos primeiros a mesclar vertentes mais pesadas do rock com a música cristã no Brasil, assim como o Resgate, Katsbarnea e Fruto Sagrado. Logo a Oficina G3 se tornou ícone do incipiente gênero do rock cristão brasileiro, tornando-se conhecido entre os admiradores desse estilo no país. Apesar de, em parte, seus integrantes terem sido rejeitados por muitospastores e lideranças religiosas, o visual da banda, com integrantes tatuados e de cabelos compridos, em geral atraía o público cristão jovem.[1]
A banda mudou os seus rumos ao fim da década de 1990 quando o cantor PG entrou no lugar de Luciano Manga. Grande parte do apelo de "banda de rock pesado" foi deixado de lado e o grupo passou a ter um estilo mais guiado pelo pop rock. Foi a fase de maior popularidade da banda, ganhando novos fãs, principalmente após a assinatura com a gravadora MK Music. Entretanto, após a saída do cantor em 2003, a Oficina G3 voltou a ter como estilo predominante o rock pesado, mais especificamente o metal progressivo. Os vocais foram assumidos por Juninho Afram, e a banda prosseguiu sua carreira efetivamente. Nesta nova fase o conjunto recebeu duas indicações ao Grammy Latino e sete ao Troféu Talento, também logrando relativo sucesso com boa parte dos fãs, vendendo vinte e mil cópias do álbum Além do que os Olhos Podem Ver em três dias,[2] alcançando disco de ouro posteriormente.[3]
É atualmente composta por cinco integrantes: Mauro Henrique (Vocal), Jean Carllos (Teclado), Duca Tambasco (Baixo), Alexandre Aposan (Bateria) e Juninho Afram (Vocal e Guitarra), o qual é o único integrante original. São reconhecidos por suas proficiências em seus instrumentos,[2] estando frequentemente presentes em matérias de revistas especializadas em música.[4]
1987-1989: O início
A banda teve início na década de 1980, uma época marcada pelo surgimento de várias bandas de rock cristão no Brasil, intensificado pelo Movimento gospel, que difundiu o gênero pelo país. Nessa época surgiram na música cristã brasileira inúmeras bandas de rock cristão, sendo que os grupos Resgate, Contato Vital, Fruto Sagrado, Katsbarnea, Livre Arbítrio, Metal Nobre, Catedral, Stauros e o Oficina G3 foram os únicos que alcançaram notoriedade nacional durante a época.[5] Em 1987, na Igreja Cristo Salva, em São Paulo, Juninho Afram, Walter Lopes e Wagner García, frequentadores do local, juntaram-se e formaram um grupo musical, a fim de suprir a necessidade de mais músicos naquela congregação. Eles formaram assim o grupo 3 daquela igreja. Somaram-se a eles subsequentemente Luciano Manga eTúlio Régis, ambos vocalistas, além de James Conway e Marcos Pereira, ambos nas guitarras, e Márcio Woody de Carvalho no teclado, (assim chamado por que usava os teclados da marca Woody).[6][7]
Como o grupo não tinha nome ainda na época, decidiram chamá-lo pela sigla G3, abreviatura de Grupo 3 (pelo fato de que eram o terceiro grupo de louvor da Igreja Cristo Salva). Mais tarde, resolveram mudar de nome e escolheram Oficina. Por essa época, a banda se inscreveu num concurso de talentos cristãos sob o nome Oficina G3, nome provisoriamente adotado. Esse nome, segundo Luciano Manga, foi adotado no final dos anos 1980, por uma sugestão de um amigo dos integrantes da banda. Na ocasião, o grupo participaria em um evento chamado Terça Gospel, no Dama Shock, e este amigo era dono de uma agência de publicidade, e achava que este nome seria chamativo.[6]
Posteriormente passaram a frequentar a Igreja Metodista de Santo Amaro e tocar na Renascer em Cristo onde foram contratados pela Gospel Records. Por esse tempo o grupo ganhou alguma notoriedade pelo seu estilo hard rock, que era algo raro no meio da música cristã brasileira. Nessa época a banda já se apresentava no Dama Shock, em São Paulo, junto a outras bandas, onde ganharam uma certa relevância.[8][9]
[editar]1990-1997: Primeiras gravações
Em 1990 o grupo lançou o LP ao vivo, gravado em uma apresentação na casa de eventos Dama Shock. Por essa época já havia sido adotado o nome oficial do conjunto.[10][11] Passado algum tempo, alguns integrantes da banda a deixaram, nomeadamente o baixista Wagner García e o vocalista Túlio Régis, entrando Duca Tambasco e ficando com apenas um vocalista.[6]
Em 1993, a banda gravou Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho. Lentamente começam a se tornar conhecidos no Brasil, atraindo um considerável número de fãs e admiradores pelo país. Como não era muito comum haver bandas cristãs de rock no início da década de 1990, algumas vezes a banda era discriminada por lideranças religiosas, algumas alegando que sua música era satânica. O visual da banda, marcado por tatuagens, piercings e cabelos compridos contribuía para esse efeito, mas o mesmo visual representava um atrativo para a sua audiência, tanto cristã quanto secular.[6] A terceira gravação, intitulada Indiferença, somente aconteceu em 1996, ano que também marcou a entrada Jean Carllos no grupo. O trabalho mostrava o virtuosismo da banda, com duas faixas dedicadas a solos de guitarra e uma outra a um solo de baixo. Um dos solos de guitarra era um prelúdio instrumental à canção Glória (versão rock em português do hino The Battle Hymn of the Republic), que por muito tempo foi uma das músicas mais tocadas em suas apresentações.[6]
Indiferença representou o auge da popularidade do Oficina G3 na fase inicial do grupo, e também o fim dela, já que, após esse álbum, Luciano Manga deixou o grupo, a fim de investir em sua vocação pastoral.[6] Então o grupo escolheu PG que era membro da igreja ao qual faziam parte para assumir a posição de vocalista do conjunto. A partir daí a banda mudou de estilo e de público-alvo, passando a ter uma sonoridade baseada no pop rock, que desagradou a muitos dos seus fãs antigos.[12]
[editar]1998-2003: Fase pop rock
Com a entrada do novo vocalista, a banda grava em 1998 o álbum Acústico. Um ano depois lançou o Acústico ao Vivo, este alcançando a marca de mais de cem mil cópias vendidas. O sucesso dos trabalhos chamaram a atenção da MK Publicitá, uma das maiores gravadoras de música cristã do Brasil. O grupo então assinou contrato com a gravadora, saindo da Gospel Records, e no ano de 2000lançou o álbum O Tempo.[13]
O disco tornou-se um grande sucesso comercial, e esse sucesso chegou a chamar a atenção até mesmo das mídias seculares, com vídeos musicais da banda sendo apresentados no canal Multishow e na MTV Brasil.[14][15] O Tempo contou com a produção musical de Geraldo Penna, que já trabalhava com o Oficina G3 anteriormente. O álbum superou a marca das 170 mil cópias vendidas.[13][16]
Em 2002, o grupo foi o único de música cristã a participar do Rock in Rio 3, e neste evento lançou o DVD O Tempo.[17] No ínterim entre O Tempo e a obra posterior, o baterista Walter Lopes deixou a banda por motivos pessoais,[18] entrando em seu lugar Luís Fernando (conhecido como Lufe), mas não como integrante oficial.[7]
No mesmo ano o quarteto lançou Humanos, álbum que seguiu a tendência pop rock, no qual porém nota-se uma sensível diferença no estilo. O uso de riffs e solos de guitarras mais marcantes, e a presença muito maior de distorções do que no álbum passado, contudo sem representar uma volta ao estilo hard rock, aproximando-se muito mais ao nu metal - que era uma das tendências daquele momento - de bandas como Linkin Park e P.O.D..[13]
Em setembro de 2003 PG também decidiu sair da banda para se dedicar à carreira pastoral, entretanto a notícia só foi divulgada dois meses depois.[19] O motivo é considerado controverso, já que foram várias as especulações de que tal saída não foi amigável.[20] Por conta dessas mudanças na estrutura interna do disco, Juninho Afram assumiu a posição de vocalista enquanto o conjunto procurava um novo vocalista.[21]
Apesar de ser uma decisão difícil, estou em paz, pois tenho certeza que foi direção de Deus para a minha vida, meu tempo no Oficina G3 acabou, como a bíblia diz: "Há tempo pra tudo debaixo do céu...".Em relação aos outros membros, estou em paz também, passei para eles aquilo que o Senhor me passou, isto aconteceu em setembro de 2003, mas só recentemente tornamos pública a minha saída, pois foi quando falamos com nossa gravadora, que inclusive em relação à mesma, também estou em paz. |
— Declaração de PG em entrevista ao Super Gospel em dezembro de 2003.[19]
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[editar]2004-2007: Após a saída de PG
Com três integrantes fixos, a banda então lança o trabalho Além do que os Olhos Podem Ver,[22] com participação do guitarrista Déio Tambasco apoiando Afram, e este ficando dividido entre a guitarra e os vocais.[23] A sonoridade novamente sofre uma transformação nesse ponto, transitando para um estilo de metal progressivo com outras influências, como ainda o nu metal. Comparados aos álbuns anteriores, o álbum também apresentou como característica uma cessão maior de tempo para destacar os instrumentistas, possuindo solos de guitarra ou de baixo em quase todas as faixas. Apesar da obra ser caracterizada por uma sonoridade muito mais pesada, que é apreciada por um grupo muito restrito de ouvintes, o trabalho teve uma recepção muito boa, chegando a vender vinte mil cópias em apenas três dias e a ganhar um disco de ouro no período de um mês,[2] além de ter sido indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa.[24]
Algum tempo depois anunciam o lançamento de um novo álbum, que seria chamado Elektracústika. Antes do início das gravações, os músicos temporários, Déio Tambasco e Lufe, saíram e foram substituídos por Alexandre Aposan na bateria e Celso Machado na guitarra. Em2007 lançaram o álbum, Elektracustika, adotando um título mais curto em detrimento do antigo título.[25] O disco trouxe em seu repertório várias regravações ao lado de algumas canções inéditas. A proposta do trabalho era de criar uma sonoridade rica e criativa, explorando o formato acústico com suas trivialidades e limitações.[26] As canções mostraram uma oscilação entre o vigor dos instrumentos elétricos e o clima intimista do formato acústico, sendo mais abrangente em relação ao público se comparado com a obra anterior, já que não limitou os ouvintes àqueles que gostam de rock pesado. Apesar de não ter sido um proposta musical inédita no meio secular, representou uma novidade no estilo da banda, com arranjos muito bem trabalhados se comparado à maioria dos trabalhos acústicos. O trabalho foi bem recebido pela crítica, e chegou a concorrer ao Grammy Latino no ano de 2007. Possui alguns pontos marcantes, como o uso de flauta irlandesa em algumas das canções[27] e uma presença maior do vocal de apoio de Jean Carllos e Duca Tambasco. A banda fez uma pequena turnê nos Estados Unidos, e anunciou, por ocasião do aniversário de vinte anos de carreira, o lançamento de um DVD comemorativo, porém poucos detalhes foram dados a respeito.[28]
[editar]2008-atualmente: Entrada de Mauro Henrique e D.D.G.
Posteriormente, a banda anunciou oficialmente a entrada de um novo vocalista chamado Mauro Henrique. Este já estava há um tempo convivendo com a banda, inclusive fazendo participações especiais em shows. A banda já estava trabalhando em seu novo álbum, Depois da Guerra, lançado em dezembro de 2008. O mesmo estava sendo produzido totalmente para as linhas vocais de Afram; nesse meio tempo a entrada de Mauro Henrique foi anunciada, e o CD sofreu algumas mudanças para ser adaptado à sua voz, além de novas faixas e mudança na ordem das músicas.[29] Sua sonoridade continuou no metal progressivo.[30] A obra foi considerada como a melhor do gênero no ano, recebendo críticas positivas da crítica especializada em geral.[26] Através do trabalho o Oficina também conquistou o prêmio de Melhor álbum cristão em Língua portuguesa no Grammy Latino 2009 e um disco de ouro da ABPD.[3]
Nosso primeiro sentimento é de felicidade. Não pelo título especificamente, mas pela abertura. Sempre nos esforçamos para fazer um trabalho de qualidade à altura da mensagem que levamos: Jesus Cristo. Somos idealistas e gostaríamos muito que todo mundo deixasse o preconceito de lado e experimentasse o que experimentamos, que é viver com Deus. Isso é o que nos motiva. Ficamos muito felizes que essa galera passou por cima dos rótulos e se dispôs a ouvir nosso trabalho. E mais ainda: Que gostaram! É rock'n roll sem fronteiras! |
— Declaração de Juninho Afram sobre a repercussão de Depois da Guerra no meio secular.[26]
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Nos dias 25 e 26 de julho de 2009, o Oficina G3 realizou, na cidade de Santa Bárbara d'Oeste a gravação do DVD D.D.G. Experience. Gravado numa usina abandonada, foi dirigido por Hugo Pessoa,[31] que cuidara anteriormente de gravações premiadas, como o Ao Vivo no Maracanãzinho, da banda Trazendo a Arca.[32] A produção também contou com o efeito bullet-time.[20]
Em 2011 a banda iniciou a turnê Your Tour G3. O repertório, escolhido pelo público trouxe alguns sucessos da banda com canções do último disco. Entretanto tal escolha foi criticada por muitos.[33] Em agosto, o grupo foi indicado em algumas categorias do Troféu Promessas: Melhor DVD, onde foi finalista[34][35] e Melhor Banda, também finalista com Cassiane & Jairinho, Ao Cubo, Livres para Adorar eTrazendo a Arca. O conjunto perdeu para o Trazendo a Arca.[34]
Em 16 de agosto de 2011 a Oficina G3 anunciou, oficialmente a entrada de Alexandre Aposan como baterista do conjunto, que já estava há um certo tempo trabalhando com a banda.[36]
Em abril de 2012 foi noticiado pela mídia que a banda estará entre os participantes do Festival Promessas, que será gravado em três cidades distintas.[37]
[editar]Integrantes
- Atuais membros
- Juninho Afram: É o guitarrista do grupo desde a sua formação e vocalista esporádico (tendo assumido os vocais temporariamente no ínterim da saída de PG e da entrada de Mauro Henrique). Nasceu na cidade de São Paulo, e desde adolescente envolveu-se com a música, tendo entrado num conservatório de violão clássico aos treze anos. Posteriormente, estudou guitarra com Mozart Mello no IG&T (Instituto de Guitarra e Tecnologia), além de também ter estudado canto lírico na Universidade Livre de Música por dois anos e meio. Fundou a Oficina G3 em 1987, junto com amigos da igreja. É o único membro que permanece desde o início da banda, estando nela há mais de vinte anos. É considerado um dos melhores guitarristas do Brasil, tanto por ouvintes de música secular quanto decristã.[38] Juninho Afram integra o Tagima Dream Team, que reúne alguns dos melhores músicos do Brasil, onde é o principal endorser, com 2 modelos de guitarra vendidos com sua assinatura. Também é professor de guitarra e colunista de uma revista sobre música e instrumentos musicais.[39][40]
- Jean Carllos: Natural de Brasília, Jean integrou-se ao conjunto em 1995, e além de tecladista em 2002 se tornou vocal de apoio após o disco Humanos, de 2002. É endorser dos teclados americanos da Kurzweil Music Systems.[41]
- Duca Tambasco: Apesar de não ser membro da formação original da banda, entrou nela enquanto ainda estava no seu terceiro álbum, em 1994. Nasceu numa família cristã, e junto com os seus irmãos Rodrigo e Déio Tambasco, foi incentivado desde criança a tocar música na igreja a qual frequentava. Começou a tocar contrabaixo aos oito anos de idade. Na adolescência participou de várias bandas, entre elas Anno Domini, onde tocava com o seu irmão Déio Tambasco e com o baterista Lufe.[42]
- Mauro Henrique: É cantor, compositor e produtor musical. Tornou-se membro do grupo em meados de 2008, ingressando durante a gravação do disco Depois da Guerra. Antes disso foi vocalista das bandas Full Range e Vétice.[43] É o atual vocalista do conjunto,[29] sendo o quarto a ocupar esse título.
- Alexandre Aposan: Começou a tocar bateria aos quatro anos de idade.[44] Foi integrado ao Oficina G3 em agosto de 2011.[36] Já gravou com Paulo César Baruk, Thalles Roberto, Templo Soul,FullRange, Leonardo Gonçalves, entre outros artistas do segmento.[44] Paralelamente ao Oficina G3 lançou o disco Ao Som dos Tambores.[45]
- Ex-membros
- Túlio Régis - Vocal
- James Conway - Guitarra
- Marcos Pereira - Guitarra
- Marcio de Carvalho - Teclado
- Wagner García - Baixo
- Luciano Manga - Vocal
- Walter Lopes - Bateria
- PG - Vocal